sexta-feira, 10 de outubro de 2008

O poder de Escolher...

Agora há pouco recebi um e-mail a respeito da nova febre nacional “americana”. Não trata-se da Britney e mais um de seus retornos. Nem mesmo a nova versão de High School Musical. Trata-se da virgindade. Ou, ao menos, da propaganda da virgindade, sem nem ao menos sê-lo. Muito em voga - culpem os Jonas brothers por isso - mas o que me preocupa é a repercussão disso, ou a falta de análise de quem é angariado por essa iniciativa.

First of all, devemos levar em consideração que a abstinência é uma campanha basicamente defendida pelos grupos conservadores americanos. Baseando-se num versículo de um autor da bíblia: ´Ninguém te despreze por seres jovem. Ao contrário, torna-te modelo para os fiéis, no modo de falar e de viver, na caridade, na fé, na castidade.” (I timóteo 4:12). Julgam que todas as pessoas devem viver em castidade até seu casamento, sendo um dos argumentos “plausíveis” o de método contraceptivo, e de prevenção, perfeitos. Se você não faz sexo, não está sujeito aos “riscos”de fazê-lo.

Ao conseguir influenciar jovens que estão na mídia, e que por sua vez, tem grande apelo junto ao público jovem, acabam tendo um poder perigoso de influenciar uma parcela da sociedade que, em quase sua totalidade, não está acostumada a ser tão crítica quanto adultos em relação ao que vêem. Não é raro vermos jovens se espelhando em seus “ídolos”, assimilando seus gostos, sua maneira de vestir, sua postura. Nesse caso eles assimilam a idéia de casar virgem, sem muitas vezes pensar uma segunda vez.

O que me preocupa não é a abstinência em si. Creio que cada um tenha o poder e o direito de fazer suas próprias escolhas, independente do que eu possa achar sobre elas. O que me preocupa é que, ao se espelhar nesse caso, qual será o próximo passo? Alianças anti-aborto? Alianças anti-direito gays e pró-família? O que vai os impedir? Se, numa socidade que valoriza o sexo, pode-se convencer jovens a casarem virgens, pq não convencê-los do resto?

Devo relembrar que Hitler não defendia a eliminação de Judeus no início do partido nazista. Ele era, apenas, um nacionalista que defendia que os alemães deveriam se levantar mais uma vez. Um tempo depois é que ele completou a frase “levantar mais uma vez, sobre a pilha de cadáveres de quem não é ariano”. A mudança se deu naturalmente, e alguns dos alemães mais proeminentes só se deram conta dessa mudança quando já era tarde demais para impedi-lo.

Alguns devem acham que sou alarmista não? Recentemente, em um debate realizado em pelotas, em uma semana acadêmica em que se discutia sobre direito, alguém perguntou: “vocês não acham que deveriam existir lugares específicos para gays na socidade?”. Sabem qual foi a resposta? “auschwitz era um lugar específico para gays”

Eu não defendo a abstinência. Eu não defendo o sexo indiscriminado. Eu não defendo nada. Eu defendo que cada um faça de sua vida o que bem desejar. O que sou contra é a decisão de influenciar na escolha alheia, achando-se no direito de saber o que é “certo” e “errado”. O que eu sou contra é adotar a verdade alheia como sendo a sua verdade, sem que ao menos se pense a respeito. Por que, apenas aceitando o que lhe dizem como verdade, acabamos por acreditar em uma grande mentira, uma mentira que pode, especialmente a todos nós gays, custar caro.