sábado, 2 de novembro de 2013
domingo, 14 de dezembro de 2008
Acredito que a hipocrisia só não entrou para o rol de pecados capitais porque Deus não queria que o Céu ficasse vazio. Nem mesmo sendo misericordioso seria evitado o esvaziamento dos campos divinos. provavelmente restariam umas quatro pessoas, sendo que nem mesmo aqueles escolhidos por seu filho escaparia de Sua ira.
O motivo de tanta revolta? talvez a forma como a hipocrisia seja socialmente aceita, como ela é tida como perniciosa mas amplamente utilizada. Não acredito que seja um uso inocente, automático, como os vícios de linguagem. Parece que esta é a forma mais fácil de autopromoção como pessoa sensível as desmazelas humanas. Nada mais patético. O caso da devastação em Santa Caterina é apenas o exemplo mais recente. Campanhas de solidariedade, de doação, artistas que apelam, pessoas que choram. Chega a revoltar o meu estômago. As mesmas pessoas que se sensibilizam são as que desejam que presidiários apodreçam na cadeia, que preferem ver a novela das oito a ver a guerra civil em países da África, que chamam parte dos menores abandonados de "delinquentes".
Pergunto-me: por qual razão? será que a tragédia em SC é mais tocante do que 50 pessoas dividindo um espaço de menos de 20m² com ratos, sem ter uma privada decente? Será que é maior do que crianças que cheiram cola dia e noite, durante anos, para suportarem a fome? I don't think so... Essa atitude tem mais a ver com o medo da imagem negativa que vai se formar caso a pessoa não seja solidária pelo ocorrido do que por iniciativa própria. Tragédias como essa aparecem nos jornais, são comentados, vistos. Nesse caso é necessário que nossos pares vejam que pensamos da mesma forma. Seja parte do rebanho ou seja um pária. Decida o lado em que você quer viver e morrer.
Abre-se mão da individualidade, da sua liberdade em prol da aceitação do grupo. Finge-se aceitar algo, acreditar em algo para que não haja exclusão, olhares "tortos". Pessoalmente acho que é uma troca injusta. De um lado há o que acredito, o que sou e de outro alguém que não sou, fingindo algo que não sinto. Deixo de ser quem sou para ser a imagem que os outros querem que eu seja. Detalhe que isto é apenas uma imagem efêmera... assim que não estiverem olhando eu volto a agir e a pensar como antes.
Ah, então dessa forma não tem problema, certo? por ser algo de caráter provisório, a hipocrisia pode ser tolerada, já que não causa danos permanentes. Não duvido, em momento algum, disto. Entretanto, não esqueçam que um candidato a governador nos EUA, Tom Bradley, perdeu a eleição por este motivo. Os eleitores afirmavam que votariam em um candidato negro, as pesquisas mostravam que ele já havia ganhado a eleição. O que se provou, no dia, foi o extremo oposto. Ele perdeu a eleição porque as pessoas que participaram da pesquisa - e tantas outras além destas - acharam que era de "bom tom" dizer que não eram racistas. Era apenas isso... palavras.
Então aqui vai um conselho. Seja autêntico. Se você é contra união gay, que seja. Se você não dá a mínima para a quantidade de pessoas que morreram em algum acidente, que assim seja. Só não se permita ser influenciado pelo meio que está inserido, abrindo mão de sua personalidade para passar a ser admirado por uma mentira na qual você se tornou. E que se houver alguma mudança em sua opinião ou comportamento que seja por sua iniciativa e não apenas para consruir uma imagem falsa de si.
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sexta-feira, 10 de outubro de 2008
O poder de Escolher...
Agora há pouco recebi um e-mail a respeito da nova febre nacional “americana”. Não trata-se da Britney e mais um de seus retornos. Nem mesmo a nova versão de High School Musical. Trata-se da virgindade. Ou, ao menos, da propaganda da virgindade, sem nem ao menos sê-lo. Muito em voga - culpem os Jonas brothers por isso - mas o que me preocupa é a repercussão disso, ou a falta de análise de quem é angariado por essa iniciativa.
First of all, devemos levar em consideração que a abstinência é uma campanha basicamente defendida pelos grupos conservadores americanos. Baseando-se num versículo de um autor da bíblia: ´Ninguém te despreze por seres jovem. Ao contrário, torna-te modelo para os fiéis, no modo de falar e de viver, na caridade, na fé, na castidade.” (I timóteo 4:12). Julgam que todas as pessoas devem viver em castidade até seu casamento, sendo um dos argumentos “plausíveis” o de método contraceptivo, e de prevenção, perfeitos. Se você não faz sexo, não está sujeito aos “riscos”de fazê-lo.
Ao conseguir influenciar jovens que estão na mídia, e que por sua vez, tem grande apelo junto ao público jovem, acabam tendo um poder perigoso de influenciar uma parcela da sociedade que, em quase sua totalidade, não está acostumada a ser tão crítica quanto adultos em relação ao que vêem. Não é raro vermos jovens se espelhando em seus “ídolos”, assimilando seus gostos, sua maneira de vestir, sua postura. Nesse caso eles assimilam a idéia de casar virgem, sem muitas vezes pensar uma segunda vez.
O que me preocupa não é a abstinência em si. Creio que cada um tenha o poder e o direito de fazer suas próprias escolhas, independente do que eu possa achar sobre elas. O que me preocupa é que, ao se espelhar nesse caso, qual será o próximo passo? Alianças anti-aborto? Alianças anti-direito gays e pró-família? O que vai os impedir? Se, numa socidade que valoriza o sexo, pode-se convencer jovens a casarem virgens, pq não convencê-los do resto?
Devo relembrar que Hitler não defendia a eliminação de Judeus no início do partido nazista. Ele era, apenas, um nacionalista que defendia que os alemães deveriam se levantar mais uma vez. Um tempo depois é que ele completou a frase “levantar mais uma vez, sobre a pilha de cadáveres de quem não é ariano”. A mudança se deu naturalmente, e alguns dos alemães mais proeminentes só se deram conta dessa mudança quando já era tarde demais para impedi-lo.
Alguns devem acham que sou alarmista não? Recentemente, em um debate realizado em pelotas, em uma semana acadêmica em que se discutia sobre direito, alguém perguntou: “vocês não acham que deveriam existir lugares específicos para gays na socidade?”. Sabem qual foi a resposta? “auschwitz era um lugar específico para gays”
Eu não defendo a abstinência. Eu não defendo o sexo indiscriminado. Eu não defendo nada. Eu defendo que cada um faça de sua vida o que bem desejar. O que sou contra é a decisão de influenciar na escolha alheia, achando-se no direito de saber o que é “certo” e “errado”. O que eu sou contra é adotar a verdade alheia como sendo a sua verdade, sem que ao menos se pense a respeito. Por que, apenas aceitando o que lhe dizem como verdade, acabamos por acreditar em uma grande mentira, uma mentira que pode, especialmente a todos nós gays, custar caro.
Postado por Gwyddyon às 20:10 2 comentários
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
A Inquietação Política Juvenil
Todos nós já ouvimos a expressão de "os jovens de hoje não se importam com política” para, em seguida, ouvirmos uma longa explicação de como “as coisas eram diferentes em outro tempo”. Nossos pais, nossos avós passaram por um período conturbado não só na política brasileira, como em todo o mundo. É quase impossível para aqueles que brigaram pela democracia em época de ditadura ou ajudaram a derrubar um presidente, entender como podemos ser tão relapsos quanto a quem votamos, a quem colocamos no poder. O que eles não entendem é que somos fruto de uma democracia já estabelecida. Não tivemos que lutar pelo direito de dizer o que quisermos, de fazer o que desejarmos.
Na paris da década de 60, houve uma revolução apenas porque o reitor da universidade de Nanterre proibiu os rapazes de visitar o dormitório das moças. Os rapazes, então, resolveram invadir a secretaria da universidade em protesto. O reitor, assustado, suspendeu as aulas e mandou chamar a polícia. Descontentes com essa política oficial, os jovens se uniram com estudantes de outras universidades, como a Sobornne e continuaram com os protestos, tendo sempre a mesma reação: aulas suspensas e polícia acionada. Como em todo épico, a história não parou aí. Cada vez mais pessoas aderiram aos protestos, só que dessa vez não apenas estudantes, mas trabalhadores, donas de casa, praticamente toda Paris ficou empolvorosa. O fim dessa história todos conhecem, o exército foi chamado e o protesto foi finalizado a base da força. Eleições foram convocadas e o presidente De Gaulle foi confirmado no poder, o que, talvez, tenha sido uma decepção para os jovens revoltosos. Mesmo que tivesse perdido o poder político, uma frase que era comumente pichada nos muros de Paris tenha ficado como marco dessa revolução, e como a maior vitória alcançada pelos jovens daquele país: “Défense d`interdire!” (É proibido proibir!).
No Brasil a revolução foi mais longa e cansativa. Protestos, prisões, pessoas exiladas. Tudo isso como forma de protesto contra a perda dos seus direitos individuais. Todos já conhecemos a história da ditadura. O momento histórico escolhido, desta vez, é o do impeachment do presidente Collor. A cada dia, nos jornais, novas denúncias eram feitas, corrupção, lavagem de dinheiro, tráfico de influência... Talvez essa tenha sido a primeira vez que tanta falcatrua era feita no mesmo mandato e em tão pouco tempo. Um feito de tanta magnitude teve uma reação em igual intensidade. Jovens em todo o país pintavam seus rostos e saíam em protestos pelas ruas, pedindo o impeachment deste presidente. Acredito que todos saibam como funciona a política. Pequenas fraudes, pequenas maracutaias são perdoadas se você dá um quinhão do faturamento para as pessoas certas e se ninguém descobre, ou parece se importar, você está livre para continuar. Por esse motivo o movimento dos cara pintadas foi tão importante. Era impossível ignorar milhões de jovens ensandecidos andando pelas ruas com seus rostos pintados, exigindo a saída do presidente. O resultado disso? Uma transmissão ao vivo, da votação do impeachment. Este que vos escreve teve o prazer, e a honra, de acompanhar essa transmissão. Ouso dizer que tenha sido a mais importante transmissão televisiva já feita no Brasil. A força dos jovens tinha conseguido, enfim, derrubar a pessoa de cargo mais importante na política brasileira.
Agora, talvez, alguém me pergunta se, com tudo isso já dito, eu não concordo com a visão dos nossos pais. Eu acredito que não. Movimentos estudantis... Movimento de jovens que protestam contra a extinção de seus direitos, ou pela manutenção dos mesmos podem ter sido comuns na década de 60/70/80. Entretanto, em comparação com a história da humanidade, são ocasiões raras. Os jovens sempre foram relapsos com a democracia e a política, principalmente quando eles não passaram por uma fase de transição, como a ditadura, o presidente Collor. Não que isso seja uma coisa ruim, estamos acostumados a uma democracia forte, já estabelecida. Poucos de nós podem lembrar o início da década de 90, de como era a política e a economia naquela época. Então, porque se importar? Podemos comprar quase tudo o que desejarmos, podemos ser quem quisermos, sem que alguém nos prenda ou nos proíba.
Minha vez de questionar: de quantos jovens, que não participaram destes movimentos, voc6es já ouviram falar? Todos eles levaram uma vida comum, medíocre, contente com a realidade na qual estavam inseridos, nunca se questionando, nunca levantando a voz. Somos livres para vivermos e morrermos como desejarmos. Inclusive para morrer como ser nunca estivéssemos existido, perdendo a chance de, talvez, ajudar a mudar o mundo. Utópico? Provavelmente foi o mesmo que pensaram os jovens que da Paris de 68 ou Brasil no início dos anos 90.
Outro fato que chama a minha atenção em época eleitoral é o quão gays podem ser tão abnegados. Dentre todas as minorias, os gays permanecem sendo os que menos se preocupam com política, os que menos se importam em votar em pessoas que desejam defender seus direitos. Talvez esperando que alguma luz divina ilumine a mente da bancada evangélica, entre outras, e que eles permitam alterações na constituição para que gays possam ter o mesmo direito que héteros.
Política não é sobre bem ou mal, sobre certo ou errado. Política é sobre poder. Poder de tornar seus sonhos, seus desejos realidade. Ou de, ao menos, manter um equilíbrio, resultante da divergência de outros grupos com interesses díspares. Permanecemos com a visão de que política não é algo que nos interessa, que nos afeta. Esquecemos que a não aceitação do “casamento gay” passa pelo congresso e é votado por políticos, que a calça Diesel, as camisetas Armani que compramos, pagam impostos que são determinados no congresso. Não precisamos estar diretamente envolvidos com a política diretamente, mas todos estão sujeitos aos reflexos do que é decidido por ela.
Todas as minorias têm sua bancada. Todas elas fazem valer a sua opinião, e o mais interessante, democraticamente. Enquanto não nos dermos conta que, sem alguém que nos defenda da única forma que faz a diferença, pela política, permaneceremos sendo vítimas da injustiça, da indiferença, do preconceito, da exclusão. O que me leva a pensar que boa parte desta minoria gosta do papel de vítima, porque é infinitamente mais fácil reclamar de um mundo injusto do que tentar mudá-lo.
Como sempre é uma questão de escolhas. A escolha de continuar contente com o papel de vítima e morrer no anonimato, vivendo e morrendo como alguém medíocre, limitado, ou lutar pra fazer do mundo, do seu mundo um lugar melhor pra viver. A chance de fazer as coisas acontecerem está próxima. Em dois finais de semana, poderemos mostrar que entraremos nessa briga pra valer ou então podemos continuar reclamando de como o mundo é injusto quando o ministro do Supremo Tribunal indeferir a união estável entre casais do mesmo sexo. Então, o que você vai escolher?
Será que você escolherá lutar pra ser tratado como um ser humano? Escolherá lutar para ter os mesmos direitos que cidadãos héteros? Lutará não pela aceitação, mas pelo respeito? Eu escolhi lutar. Não pelo direito de casar, pelo direito de adotar. Escolhi lutar pelo direito de poder fazê-lo se assim o desejar. Escolhi lutar para que o mundo possa me ver como eu sou, para que possam me tratar com o respeito e a dignidade que todos merecemos. Porque, no fim, não se importa se você é homossexual, ou heterossexual, o que importa é que todos somos humanos. Por mais simplória que possa ser essa afirmação, é justamente ela que acabamos por não ver, ou não se importar. Escolhi lutar para dar um basta a todo esse preconceito, essa hipocrisia. Ao menos até que, enfim, todos possam ver o que realmente somos: humanos como todos os outros.
Postado por Gwyddyon às 23:30 2 comentários
domingo, 7 de setembro de 2008
O Amor e o Poder
A partir do momento que você está no topo, passa a ser espelho para os que estão abaixo de você, não podendo agir com a mesma liberdade e irresponsábilidade de antes. Lendo um livro do Christian Jacq, há uma parte que diz que o faraó não é o dono do poder, mas o servo dele. Essa premissa permanece valendo, independente da era que nos situemos. Em outro livro, dessa vez do Maquiavel, há uma longa explanação da forma de agir de um príncipe. Uma tradução livre que faço é de que, sometimes, é preciso fazer a coisa errada para se alcançar o objetivo certo. Em outras palavras, para alcançar o bem, é preciso fazer o mal. Catarina de Médicis ordenou o massacre de protestantes na França e, com isso, manteve a França unida (numa versão mais resumida de todo o conflito católicos-protestantes). Neste ponto, poderiam me perguntar se "os fins justificam os meios". Concordo, fazendo algumas ressalvas. Os fins só justificam os meios quando eles acabam revertidos em prol do povo governado, e não apenas para a realização de algum sonho megalomaníaco. Vale lembrar que junto ao poder vem a responsabilidade. Não necessariamente de sempre fazer bom uso dele, mas de ser, sempre, um instrumento para o benefício de quem é governado.
Em uma parte da história de uma amiga ela diz que a individualidade é inteligente, mas que a coletividade não. Levando isso em consideração, e lembrando que o exercício do poder é sempre uma função solitária, não poderíamos dizer que na verdade a pessoa não é corrompida, ela se adapta a função exercida, fazendo a melhor escolha possível frente a situação que ela se encontra? porque, sendo a "única" pessoa inteligente, cabe a ela o desafio de julgar com sapiência o rumo a ser tomado, a escolha a ser feita. Isso acaba, invariavelmente, entrando em conflito com os valores anteriormente defendidos por esta pessoa. Mas não seria isso apenas mais uma das características de um cargo deste porte?
Como foi dito anteriormente, não é a pessoa que foi corrompida pelo poder, mas aquelas que a cercam que esperam que o governante aja da mesma forma de quando era um reles plebeu, coisa que, por si só, é impossível. Então eu pergunto: O poder corrompe?
Post de renascimento do Blog. Precisei dessas longas férias pra tentar arrumar a bagunça que é minha vida. Não que eu tenha tido sucesso, mas ao menos eu tentei. Até a próxima.
P.S.: título tirado de uma música dos anos 80. Não há uma referência direta ao post, mas sempre que eu ouço a palavra "poder" eu começo a cantar essa música.
Postado por Gwyddyon às 21:05 2 comentários