Lembro de um post, no blog de um amigo, em que ele fala a respeito de ser diferente. Dizem os especialistas que somos todos diferentes. A sociedade ensina “viva a diferença” mas não há lição mais hipócrita. Odiamos pessoas diferentes, evitamo-as como se leprosas fossem.
Ao sentenciar “ela é diferente” olhares desconfiados são lançados, ao ostracismo são condenados. Não faço juízo de valor nesse caso, não nesse momento... somos assim. Procuramos por aqueles que são iguais a nós, como que para reafirmar nossas crenças e valores. Encontramos no outro a confirmação de nossas certezas. Não só a confirmação mas aceitação e compreensão também. Não falo aqui de diferenças simplistas como gostar de tomate verde ou maduro, mas de diferenças que influenciam diretamente no que somos. Posso citar entre elas gostarem de ler, pena de morte, tolerância religiosa, sexual, racial e até mesmo da forma como elas encaram a vida.
Acaba-se tornando complicado falar sobre isso, porquê todo argumento pode não resistir a contra-argumentação do “mas eu convivo com pessoas diferentes de mim, portanto eu sou tolerante”. Sim, eu acredito que isso exista, eu sou uma dessas pessoas, mas eu reconheço que o diferente no meu caso, e no de qualquer outra pessoa, acaba tendo limites. Não convivo e nem sou amigo de meu nêmesis. Na melhor das hipóteses nos respeitamos. Há diferenças (como a forma de ver a vida) que acaba fazendo a amizade ser virtualmente impossível.
Costumo dizer que ninguém tem a obrigação de entender o que é diferente, mas tem o dever de, ao menos, respeitar.
Alguns podem vir a interpretar mal esse post, acusando-me de ser sutilmente preconceituoso... e esses não estarão mais longe da verdade. Eu gosto de ver pessoas diferentes de mim, e gosto ainda mais quando elas reafirmam suas crenças num aparente gesto de desafio. É justamente por sermos diferentes que a vida se torna interessante, que a cultura enriquece, que horizontes são ampliados. Por isso eu aconselho: procure aqueles iguais a você, mas não esqueça de ser tolerante com aqueles que são diferentes. Meus pais deveriam ter aprendido essa lição um pouco mais cedo. Eles nunca tentaram, ou nunca conseguiram, entender que eu era (e sou) diferente das pessoas que eles conviviam, diferente dos outros filhos que eles tinham. Eu sou gay, leitor, escritor, sigo a wicca como religião (mesmo não sendo lá muito ativo). Meus pais não estavam preparados para encontrar alguém tão diferente das crenças pessoais deles. Durante muito tempo tive apenas intolerância e violência como forma resposta ao que sou. Talvez por isso tenha aprendido a ser tolerante com as pessoas que são diferentes de mim, mas ainda assim desejar que elas não abram mão do que acreditam por medo de alguém que as ameace, ou para ser aceita em algum grupo. Que vivam sozinhas, mas vivam com a consciência tranqüila. Hoje não finalizarei esse post com alguma pergunta. Adieu.